O que eu aprendi com uma filha com deficiência?

(Este texto foi uma colaboração da mãe de Amanda, Cristina)

No começo enfrentamos muitos medos e inseguranças, mas, partindo do pressuposto que cada indivíduo tem suas características e que é impossível encontrar pessoas totalmente iguais, comecei a me ver como mãe de três filhos diferentes, assim como todas as criaturas o são (cada um de nós tem uma digital que é única). Dessa maneira encarei a incrível tarefa que me foi confiada pelo Universo, acreditando que nada acontece por acaso. Não podemos deixar de considerar que a família tem influência determinante no comportamento humano e na formação da personalidade. E o que é ter um “filho com deficiência”?
O amor que uma mãe tem por seu filho a faz superar tudo. É nato. A gente sofre com o preconceito, mas, a força que vem de dentro fala mais alto e nos ajuda a enfrentar todo e qualquer obstáculo. Nos impulsiona a acreditar que o dia seguinte será melhor! A ciência me mostrou uma patologia rara, talvez poucos dias de vida, quem sabe dois meses…, passaram-se os dois meses…, depois, talvez chegasse à adolescência…,as fraturas, as cirurgias e eu cantando para ela… Como esquecer, não? “ Quero ver você não chorar…” Era uma propaganda de Natal e a letra me emocionava profundamente…”…quero ver o amor vencer, mas se a dor nascer, você resistir e sorrir…”

Destarte, aprendi a viver um dia de cada vez. Me sentia presenteada com as
suas/nossas conquistas. Aprendi a acreditar que todos somos especiais, exercemos o milagre da vida, da superação, da fé. Em nossa caminhada, nos consultórios, hospitais, salas de reabilitação, encontrei diversas mães, diversas situações que muitas vezes até me fazia refletir e enxergar dificuldades bem maiores que a nossa.
Mães que não aceitavam, que se lamentavam, mães que eram fortes, que sempre tinham
uma lição para ensinar, uma palavra de otimismo. Aprendi um pouco com todas elas…
Encontrar mães que vivenciavam as mesmas dificuldades era como um bálsamo para as nossas dores. Lembro que estando numa sala de espera, ela no meu colo com as pernas engessadas e alguém nos olhou e disse : – É mãe, a lã não pesa o carneiro.
Aquilo me tocou profundamente e eu me sentia a cada dia mais forte, mais corajosa. Porque, na verdade, é muito difícil para uma mãe ver seu filho sendo objeto de curiosidade, gera um sentimento de revolta quando imagina as situações que ele terá que enfrentar durante a vida. Diante de sentimentos difíceis como o medo e a ansiedade ela não consegue vivenciar o presente e as incertezas tomam conta do seu coração.
O meu conselho para essas mães é que lutem e amem incondicionalmente os seus filhos. Porque a deficiência não existe. Existem provas…E nós, mães, para tirar a melhor nota, apenas precisamos amar…, porque é através dessa fonte única e inesgotável que é o AMOR que aprendemos a aceitar, a lutar, a encontrar forças para acreditar que tudo é possível, que o DIFERENTE causa espanto e que em muitos casos é a falta de CONHECIMENTO que leva as pessoas a formarem pré-conceitos a respeito do que desconhecem.

Porque DEFICIENTES são todas as criaturas que ainda não aprenderam a conviver com as DIFERENÇAS!!! Parafraseando Mario Quintana: “Deficiente é aquele que não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino…”.

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Descrição da imagem para cego ver: Amanda está olhando para o horizonte da praia ao lado da sua mãe. Atrás delas, está uma piscina com água azul com a cor em harmonia com a água do mar.

Publicado por por Amanda Brito

Administradora e Especialista em Gestão Empresarial e em Educação, atua há mais de dez anos conduzindo processos de Gestão Estratégica de Pessoas, Gestão de Carreira e Desenvolvimento Humano, além de já ter coordenado grupos de trabalho sobre Equidade em ambientes corporativos. Apaixonada por transformação de pessoas, possui formação em Coaching Executivo e Life Coaching, em curso credenciado pelo ICF, e em Practitioner em PNL. Também ministra palestras e tem experiência facilitando processos em Grupos. Baiana radicada no Rio, e viajante nas horas vagas, seus pés não sabem andar nem ficar quietos.

10 comentários em “O que eu aprendi com uma filha com deficiência?

  1. Tem como ñ se emocionar com um texto tão cheio de luz e amor?♥
    Uma mãe com tanta força, coragem e determinação, como Cris, só podia mesmo educar uma mulher tão semelhante, como Man. E q coisa linda de ver! Amei!

    Curtido por 1 pessoa

  2. (Depois daquela respirada profunda) o que dizer? Que relato, que lição, que impulso de vida. Precisei compartilhar porque há um mundo precisando refletir essas palavras.

    Curtido por 1 pessoa

  3. Que texto lindo Amanda! Emocionante, quanta sabedoria!
    Quando focamos no AMOR, a vida flui com aprendizado, beleza e prazer

    Obrigada pela audiodescrição da imagem. Só um parenteses (não atende apenas o cego, também as pessoas de baixa visão). Me ajudou
    Forte abraço

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