Saber ressignificar: a oportunidade de ser líder de si mesmo

O hábito de dar um novo significado às nossas experiências e aos acontecimentos que nos ocorrem, quando é fruto de um processo de descobrimento de quais são as nossas crenças limitantes, não deve ser confundido com fuga da realidade ou visão imatura sobre a vida.

Ao colocarmos a nossa habilidade de ressignificar em função da nossa transformação pessoal, não estamos sofrendo com a “síndrome da Pollyana”, construindo um mundo onde todas as pessoas são boas e jogando o “jogo do contente”, que procura tirar o melhor de cada situação.

Em uma das alegorias mais importantes da história da Filosofia, Platão, em o Mito da Caverna, traz a reflexão sobre a visão distorcida que os seres humanos têm da realidade. Não vemos a realidade, mas nossa projeção da realidade.

Ao longo da vida, criamos filtros, que são frutos das nossas influências sociais, culturais e dos nossos relacionamentos. Não percebemos os fatos, mas sim os fatos de acordo com os nossos filtros. Ou seja, percepção é a maneira como eu entendo a realidade.

Mas não somos sujeitos passivos na influência dos filtros e na construção de crenças. Influenciamos e somos influenciados. Quer um exemplo simples disto? Você está passeando com sua filha pequena quando vocês encontram uma criança que usa uma cadeira de rodas. É o primeiro contato da sua filha com uma criança com deficiência e, naturalmente, ela fica olhando fixamente para tentar entender a situação. Você, completamente sem jeito, deseja encerrar rapidamente aquela experiência. Quando sua filha lhe pergunta o porquê daquela outra criança usar aquela cadeira, você responde o que é aparentemente mais fácil: “filha, ela é doente”. Sem perceber, você acaba de gerar uma experiência para sua filha e se a outra criança escutar, também irá gerar uma experiência para ela. Agora, imagine a quantidade de vezes que aquela criança irá escutar das pessoas que ela “é doente”. Quais são os filtros que ela, provavelmente, usará quando estiver em contato com os fatos da própria vida? E a sua filha? Será que crescerá com a crença de que toda pessoa com deficiência é doente? E, não, não é. Deficiência não é doença. É claro que algumas deficiências são causadas por doenças. Assim como podem ser deficiências congênitas, ou ainda causadas por acidentes, violência urbana, etc.

O interessante é que à medida que conseguimos perceber quais são os nossos filtros, compreendemos que as crenças e os filtros dos outros não têm poder sobre nós. Não é você quem me fere, eu é que me firo. Às vezes achamos que nos magoamos por causa do que alguém nos fez e na verdade foi por causa das nossas feridas.

Se algo não pode ser mudado, pode ser alterado dentro da nossa mente. Assim, podemos ter perspectivas novas de viver aquela realidade. E, para Sartre, “o mais importante não é aquilo que fazem com você, mas o que você faz com aquilo que fazem com você”.

Publicado por por Amanda Brito

Administradora e Especialista em Gestão Empresarial e em Educação, atua há mais de dez anos conduzindo processos de Gestão Estratégica de Pessoas, Gestão de Carreira e Desenvolvimento Humano, além de já ter coordenado grupos de trabalho sobre Equidade em ambientes corporativos. Apaixonada por transformação de pessoas, possui formação em Coaching Executivo e Life Coaching, em curso credenciado pelo ICF, e em Practitioner em PNL. Também ministra palestras e tem experiência facilitando processos em Grupos. Baiana radicada no Rio, e viajante nas horas vagas, seus pés não sabem andar nem ficar quietos.

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