Paraty é linda, não há como negar. Além de possuir um conjunto arquitetônico extremamente preservado, que nos reporta à época do império, é charmosa, romântica e aconchegante. Se você tem mobilidade reduzida ou irá guiar um carrinho de bebê, prepare-se para o desafio: para desfrutar das belezas de Paraty, vai precisar de uma boa dose de paciência e cuidado ao andar pelas ruas da cidade.
Como chegar
Considerando que nós saímos da cidade de Aparecida com direção a Paraty, seguimos pela estrada Cunha-Paraty, que passa pelo Parque Nacional da Bocaina, caminho que nos rendeu boas aventuras. Então, caso decida seguir por este trajeto, nossa dica é que faça a viagem ao longo do dia, pois a estrada é sinuosa, estreita e com extensa vegetação em ambos os lados.
Caso esteja fora do estado do Rio de Janeiro, os aeroportos mais próximos de Paraty são os da cidade do Rio, a 256 quilômetros. Após chegar à capital, é possível seguir de carro pela Rio-Santos. Já se a sua partida for em São Paulo, indo de carro, o melhor caminho é via Ayrton Senna – Carvalho Pinto (SP-070).
O que fazer
Não é novidade que Paraty se tornou polo de turismo nacional e internacional principalmente devido à conservação da sua história e às suas belezas naturais.
Além dos seus bons restaurantes, admirar os artistas expondo seus trabalhos pelas ruas ou em lojinhas é uma experiência marcante para todos. Mas, se você for uma pessoa com deficiência e/ou mobilidade reduzida certamente terá uma experiência um pouco diferente. Acontece que a locomoção no centro histórico de Paraty é uma tarefa QUASE impossível, principalmente por causa do seu calçamento original de pedras. Além disso, este é um trecho da cidade por onde não circulam carros. Mas, engana-se quem acha que isso foi motivo para que nós não fossemos garantir o nosso passeio por esse pedacinho vivo de história do Brasil: uma boa dose de disposição e uma pessoa mais aventureira do que eu (escolham bem com quem irão se casar, ok?) foram o suficiente para uma estadia em Paraty completamente bem aproveitada. Somado a um pequeno trecho de pedras, conseguimos circular em algumas ruas que estão sem calçamento e ao redor da Praça da Matriz.
Então, a primeira dica para o passeio em Paraty é cada um avaliar se está disposto a conhecer o centro histórico, muito embora reforcemos que é um espaço que não está preparado para receber pessoas com deficiência. Aliás, há uma grande discussão em torno da falta de acessibilidade do centro histórico baseada na justificativa de ser uma cidade tombada pelo IPHAN, afinal, vários patrimônios históricos conseguiram adaptar seus acessos para que todos pudessem desfrutar. Quando decidimos conhecer Paraty, fiz uma pesquisa na internet e um texto intitulado “Paraty para todos” me chamou atenção nos seguintes trechos:
“De que adianta exalar conhecimento e literatura se a realidade do local é agressiva com pessoas com deficiência, idosos, mulheres grávidas e quebrados de toda ordem?
“É patrimônio histórico! Não pode mexer.” Ah, meu povo, paremos com isso. O coliseu romano, milenar, tem elevador e uma rota de passeio acessível. Jerusalém fez rampas em trechos tidos como sagrados, pisados por gente importantíssima. Mas aqueles cascos de tartaruga de Paraty, desprovidos de qualquer embelezamento estético e aviltantes às pessoas, são intocáveis por quê?”
Confesso que eu adorei o senso de humor do escritor e que esse texto foi importante para me deixar de “antenas ligadas” antes da nossa viagem. Mas, como eu adoro um desafio, fiz questão de conferir de perto a realidade paratiense.
Indo além do seu centro histórico, a cidade oferece outras belezas entre praias e ilhas. Nós iniciamos o passeio do segundo dia na praia do Pontal, que fica no centro de Paraty. Não achamos que seja a praia local mais bonita, mas certamente é uma das mais movimentadas. Ela conta com bares e muitas mesinhas onde é possível desfrutar de petiscos e é um ponto de parada certo entre os moradores. Também é neste local onde saem os passeios de barco pelas praias da região, que custa em média R$ 50 por pessoa. Se a pessoa com deficiência estiver à procura de um local um pouco mais acessível para relaxar este é, certamente, um local indicado.
Mas foi a Vila de Trindade, situada na Área de Proteção Ambiental do Cairuçú, que ganhou os nossos corações. Seguimos de carro do centro de Paraty até esse vilarejo conservado, calmo e com belas praias. O local conta com trechos de terra batida, além de ser mais flexível com relação ao trânsito de carros, o que facilita a mobilidade de uma pessoa com deficiência. Almoçamos um prato com frutos do mar que foi preparado divinamente no Restaurante Vagalume, que fica na Praia dos Ranchos. Além desta praia, também é possível conhecer a Praia do Meio, a Praia de Fora e a Praia do Cepilho.
Quando ir
Se você estiver pensando em conhecer Paraty fora dos meses de pico de férias de verão, aí vai uma boa notícia: nossa viagem aconteceu no mês de março e encontramos um clima agradável para curtir a cidade e aproveitar as belezas naturais da região.
Já se você estiver em busca de uma atmosfera mais rica de cultura, é interessante ir conhecer a Festa Literária Internacional de Paraty, também conhecida como FLIP, que acontece todos os anos no mês de julho.
Vamos combinar que ampliar nossos horizontes, independente da época do ano, é sempre bom, não é mesmo? Ainda com alguma dúvida?
Paraty? Vale ir!