Errou feio quem pensou que a minha resposta seria compaixão. Esse sentimento pode ter toda a boa intenção do mundo, mas também pode estigmatizar e desvalorizar a pessoa à sua frente. Além disso, a criança e sua família passam por uma infinidade de situações estressantes que serão mais fáceis de serem administradas se identificarem ao seu redor um bom apoio social, no qual se sintam envolvidos e compreendidos.
Tenho recordações de noites difíceis da minha infância, mas não é o aspecto da dor que fala mais alto nessas lembranças, e sim a rede de amor liderada por minha mãe. Foi recebendo os estímulos adequados que pude criar estratégias para protagonizar a minha vida. Minha família, assumindo o diagnóstico, entregou-se à minha criação com toda a força e esperança. Seja como for, esse é um diagnóstico duro, complicado e que causa um grande impacto emocional. Este é um momento fundamental para o enfrentamento posterior, por isso a informação deve ser precisa, concisa e transmitida com delicadeza e compreensão.
A forma de lidar com o diagnóstico será a base para levar a situação com o máximo de naturalidade possível, como um problema de desenvolvimento e médico que pode ser tratado com os profissionais adequados e junto às pessoas que a amam. Ou seja, sessões de reabilitação, possibilitar um bom espaço para a criança e um projeto baseado no carinho, é o que criança com deficiência realmente necessita.
Este ambiente de confiança vai preparar a criança para lidar com diversas situações nos ambientes em que estará inserida. Infelizmente, ainda é muito frequente olhares compassivos e alguns comentários que são extremamente prejudiciais: “Que pena que você é assim”, “Coitada, isso é tão injusto” ou “Bem, Deus sabe porque faz essas coisas”. A ignorância de certo tipo de gente deve chegar a machucá-las.
As crianças com deficiência certamente precisam do que qualquer pessoa pode oferecer: naturalidade, carinho e compreensão.