O crime de discriminar pessoas com deficiência

Ao longo dos meus anos de vida como mulher com deficiência, coleciono uma quantidade razoável de situações com as quais me deparei com o preconceito. Muito embora a diversidade já seja considerada um direcionador de ações e relações, a nossa sociedade ainda caminha a passos lentos no que se refere a equidade e inclusão das pessoas com deficiência.

A Lei Brasileira de Inclusão (LBI) prevê multa e reclusão para quem praticar, induzir ou incitar a discriminação de pessoa em razão da sua deficiência. Acontece, entretanto, que os 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência já sofreram ou sofrem algum tipo de discriminação, sobretudo em situações onde há vulnerabilidade perante o agressor.

Para além da necessidade de transpor barreiras físicas, que envolvem a ausência de rampas e elevadores ou em ambientes que não sejam favoráveis para locomoção de pessoas com mobilidade reduzida, a existência de barreiras atitudinais são ainda mais graves dentro do processo de inclusão e da promoção de ambientes mais equânimes.

Considerando o estabelecimento das relações na sociedade, tais barreiras atitudinais, em muitos casos, estão frequentemente presentes no mundo virtual, por exemplo, onde muitas pessoas acreditam que podem se esconder atrás de perfis falsos, compartilhando ofensas e “piadas” que envolvem a condição física de outrem. A crença de que a internet é uma terra sem lei acaba deixando vulneráveis os ingênuos que confiam que nunca serão punidos.

Já quando estamos falando dos relacionamentos em ambientes corporativos, a falta de cultura inclusiva e a inexistência de processos de gestão de pessoas estruturados, que possibilitem a criação de times diversos, expõem os profissionais com deficiência às situações de constrangimento, decorrentes do despreparo da organização para se relacionar com as diferenças.

Observa-se que a discriminação pode acontecer de várias formas e em qualquer ambiente. Sutil ou evidente, a discriminação deve ser denunciada. Incluir é uma ação consciente, que começa com o reconhecimento dos rótulos que nos fazem julgar equivocadamente as diferenças, evitando preconceito e discriminação. A disponibilidade e o interesse em buscar informações são atitudes que concretizam a inclusão.

Todo dia eu acordo e penso: “vamos nos levantar porque os paradigmas não se desconstroem sozinhos.”

Publicado por por Amanda Brito

Administradora e Especialista em Gestão Empresarial e em Educação, atua há mais de dez anos conduzindo processos de Gestão Estratégica de Pessoas, Gestão de Carreira e Desenvolvimento Humano, além de já ter coordenado grupos de trabalho sobre Equidade em ambientes corporativos. Apaixonada por transformação de pessoas, possui formação em Coaching Executivo e Life Coaching, em curso credenciado pelo ICF, e em Practitioner em PNL. Também ministra palestras e tem experiência facilitando processos em Grupos. Baiana radicada no Rio, e viajante nas horas vagas, seus pés não sabem andar nem ficar quietos.

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