Representação política das mulheres com deficiência

O que significa ser uma mulher com deficiência em um país onde há apenas uma senadora cadeirante? Por que o movimento feminista não consegue dar conta de lutar pela inclusão e representatividade das mulheres com deficiência?

Essas são algumas das perguntas que estão em minha cabeça há um certo tempo. Certamente pude constar a dificuldade de ocupar espaços no mundo corporativo durante os últimos anos. Acontece que inúmeros são os recortes e contextos em que a mulher com deficiência encontra barreiras para liderar, ser representante ou para se sentir representada, inclusive no campo político partidário.

Segundo Giddens (1991), uma minoria não é somente algo numericamente inferior à maioria, mas, sim, grupos subordinados politicamente a uma ordem hegemônica e totalizante, como é o caso das pessoas com deficiência. A depender da minoria, o histórico da representação no Poder Legislativo, por exemplo, varia. Dentro desse contexto, muito embora tenhamos 45 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, segundo dados do IBGE, a pergunta com a qual iniciei esse texto volta a me inquietar.

Mas, não podemos querer respostas simples para perguntas complexas. Para compreender a relação das pessoas com deficiência com a política no Brasil, é necessário entender a história da luta dessa minoria. Historicamente, muitas iniciativas para a inclusão de pessoas com deficiência foram do Poder Executivo Federal e estavam associadas ao modelo biomédico de deficiência, entendendo-a como um problema de saúde pública. Entretanto, foram os organismos internacionais e entidades não governamentais que contribuíram para ampliar o escopo e superar os limites do modelo biomédico, substituindo-o pelo modelo social. Mas isso ainda não é o suficiente para a garantia do pluralismo dentro da quarta onda de direitos.

E quem sai perdendo com isso? Toda a sociedade. Isso porque quando a sociedade se reconhece representada no Parlamento, o Estado ganha legitimidade para desempenho de suas funções, especialmente a função de representar. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em 2018, 96% dos brasileiros não se sentiam representados pelos políticos em exercício no país. A diversidade é fundamental para o fortalecimento da nossa democracia porque pessoas comuns precisam ser representadas por pessoas comuns.

E você, conhece alguma mulher com deficiência disposta a concorrer nas eleições de 2020?

Publicado por por Amanda Brito

Administradora e Especialista em Gestão Empresarial e em Educação, atua há mais de dez anos conduzindo processos de Gestão Estratégica de Pessoas, Gestão de Carreira e Desenvolvimento Humano, além de já ter coordenado grupos de trabalho sobre Equidade em ambientes corporativos. Apaixonada por transformação de pessoas, possui formação em Coaching Executivo e Life Coaching, em curso credenciado pelo ICF, e em Practitioner em PNL. Também ministra palestras e tem experiência facilitando processos em Grupos. Baiana radicada no Rio, e viajante nas horas vagas, seus pés não sabem andar nem ficar quietos.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: