Quando gênero e deficiência interagem, a discriminação se multiplica. As mulheres com deficiência experimentam formas multifacetadas de discriminação e atitudes estereotipadas negativas em todos os aspectos da vida.
A deficiência diferencia as experiências das mulheres com deficiência daquelas das mulheres sem deficiência: o tipo, a gravidade e a visibilidade da deficiência de uma pessoa influenciam o grau em que ela está sujeita às expectativas sociais sobre seu gênero (Gerschick, 2000). As barreiras são múltiplas e complexas, incluindo preconceito e discriminação sobre sua capacidade, privando as mulheres com deficiência de acesso à educação, emprego, cuidados de saúde e vida familiar.
Análises dos resultados da Pesquisa Mundial de Saúde (PMS) de 51 países apresentam taxas de emprego de 52, 8% para os homens com deficiência e de 19,6% para mulheres na mesma situação, comparadas com 64, 9% de homens sem deficiência e 29,9% de mulheres sem deficiência.
Além disso, os respondedores com deficiência da Pesquisa Mundial de Saúde experimentam índices significativamente mais baixos de conclusão do Ciclo Fundamental e menor média de anos de escolaridade do que os respondedores sem deficiência. Para todos os 51 países da análise, 50,6% dos homens com deficiência completaram o Ciclo Fundamental, comparado a 61,3% dos homens sem deficiência. 41,7% das mulheres com deficiência relataram a conclusão do Ciclo Fundamental, comparado a 52,9% de mulheres sem deficiência. A média de anos de escolaridade são igualmente mais baixos para pessoas com deficiência na comparação com pessoas sem deficiência (homens: 5,96 versus 7,03 anos, respectivamente; mulheres: 4,98 versus 6,26 anos respectivamente).
Já os dados do IBGE mostram que as taxas de emprego de mulheres com deficiência são mais baixas em comparação com homens com deficiência e homens e mulheres sem deficiência. Além disso, mulheres com deficiência enfrentam taxas mais altas de violência e assédio de gênero, inclusive nas mãos de seus cuidadores (Grupo do Banco Mundial, 2019): os dados disponíveis sugerem que as mulheres com deficiência têm até dez vezes mais probabilidade do que as mulheres sem deficiência de sofrer violência (Dunkle et al. 2018; Ozemela, Ortiz e Urban 2019).
Historicamente, as leis e políticas têm negligenciado as necessidades específicas de mulheres com deficiência, concentrando-se predominantemente em questões de gênero ou deficiência. Da mesma forma, a intersecção de deficiência e gênero ainda permanece pouco estudada.
As organizações efetivamente comprometidas em gerar impacto social positivo e com o ODS 5 – Igualdade de gênero da Agenda 2030 da ONU, reconhecem que abordagens generalistas de gênero e deficiência perpetuam a discriminação e a vulnerabilidade. Além disso, desenhar e executam ações efetivas para incluir e amplificar as vozes de mulheres e meninas com deficiência.
Quer saber mais como promover a inclusão de mulheres com deficiência em sua organização? Escreve para gente no contato@institutoab.com !