Ossos de vidro e nervos de aço
Em um dos clássicos (e lindos) filmes franceses lançados na década passada, a protagonista de Le fabuleux destin d’Amélie Poulain (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain) esbarra com um inusitado personagem: o velho do apartamento ao lado, um recluso e solitário parisiense chamado Raymond Dufayel (Serge Merlin), obscuro pintor com uma patologia denominada Osteogenesis Imperfeita, que o torna frágil como um graveto. É ele que diz uma das mais célebres frases do filme: “Os teus ossos não são feitos de vidro. Pode suportar alguns baques da vida”.
Muito embora seja uma frase inspiradora para pessoas sem deficiência aparente, uma das primeiras perguntas que surgem em minha mente inquieta é: e quem tem ossos de vidro não é capaz de suportar os baques da vida? Talvez seja difícil suportar os “baques” concretos, aqueles que levam nossos corpos ao chão. Mas, e aqueles que doem na alma?
Os ossos podem ser de vidro, mas os nervos podem ser de aço.
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